Escola de Samba Mocidade Independente – Dos anos 1960 até hoje
A Mocidade Independente Padre Miguel tornou-se, nas últimas duas décadas, uma das mais queridas do Rio de Janeiro, acumulando diversos títulos de campeonatos carnavalescos. A escola de samba fundada há 60 anos provou que, quando o luxo encontra uma organização extraordinária e uma metodologia de tipo industrial, são produzidos desfiles brilhantes. Mocidade Independente também é sinônimo de lendários Produtores de Carnaval: Dos estúdios da Mocidade saíram alguns dos mais importantes artistas de todos os tempos da festa brasileira: Arlindo Rodriguez, Fernando Pinto e Renate Lage. Vejamos a seguir a história da Mocidade, personalidades, musas, fotos e símbolos importantes.
A Mocidade Independente de Padre Miguel Samba-Escola foi fundada por Sílvio Trindade, Renato da Silva, Djalma Rosa, Olímpio Bonifácio (Bronquinha), Garibaldi F. Lima, Felipe de Souza (Pavão), Altamiro Menezes (Cambalhota) e Alfredo Briggs. Sua primeira bandeira foi oferecida por Gilda Faria Lima, sendo a primeira rainha da escola Neusa de Oliveira.
Os anos cinquenta:
Em 1955, o time de futebol virou banda de rua participando do concurso de bandas de rua de Padre Miguel promovido pelo falecido político Waldemar Vianna de Carvalho. Como havia empate entre a Mocidade e a Unidos de Padre Miguel, Waldemar resolveu o problema de forma diplomática, considerando a Mocidade como uma escola de samba e dando o prêmio nessa categoria e a Unidos de Padre Miguel como uma banda de rua premiando-as nessa categoria.
Em 1956 apresentaram o tema “Castro Alves”, novamente em desfile local. Participando pela primeira vez do desfile oficial do Rio em 1957 com o tema “O Baile das Rosas”, alcançaram o 5º lugar. Em 1958, a Mocidade foi campeã do Segundo Grupo com o tema “Apoteose ao Samba”. A partir de 1959, a Mocidade Independente Padre Miguel finalmente foi para a Elite do Samba carioca, nunca mais voltando para a segunda.
Os anos sessenta:
Em 1959, a Bateria, sob a batuta do lendário Mestre André, fez pela primeira vez a famosa “paradinha”, diante da comissão julgadora, mantendo o ritmo para que a escola de samba seguisse evoluindo. O povo começaria depois a acompanhar a “paradinha” com gritos de “Olé”. Nesse período, a Mocidade era conhecida por sua incrível Bateria que carregava o peso da escola. Esta bateria vibrante, alcançou um status nacional ainda mais importante do que a escola de samba como um todo. Apenas alguns anos depois é que a Mocidade finalmente passaria a competir frente a frente com grandes escolas de samba como Portela, Império Serrano, Salgueiro e Mangueira.
Os anos setenta:
No ano de 74, Arlindo Rodrigues apresentou o tema “A festa do Divino” obtendo o 5º lugar. A partir daí, a escola deixaria de ser conhecida apenas por sua bateria, passando a ser reconhecida como uma grande escola de samba. Em 1976, por ironia do destino, a Mocidade empatou com a Mangueira na segunda colocação e perdeu a vice-liderança por falta de 10 na bateria. Em 1979, ainda com Arlindo Rodrigues como produtor do carnaval, a Mocidade conquistou seu primeiro campeonato com o tema “O Descobrimento do Brasil”. No ano seguinte, o carnavalesco Fernando Pinto assumiu a escola produzindo carnavais excepcionais na escola de samba da Mocidade e se projetando como um dos mais criativos e inventivos carnavalescos do mercado. Em seu primeiro ano, Fernando Pinto conquistou o segundo lugar com o tema “Tropicália Maravilha”.
Os anos oitenta:
Em 1983, a Mocidade foi premiada como a melhor a se comunicar com o público com o tema “Vem era verde o meu Xingu”. Fernando permaneceu na escola até 1988 e fez grandes desfiles de carnaval na Mocidade na década de 80. Em 1985 deu à escola o seu primeiro título com o tema “Ziriguidum 2001”. Este ano a Mocidade desfilou pensando no “Carnaval do futuro”, do próximo século.
A era de Renato Lage e a morte do patrono Castor de Andrade
Em 1990, a escola passaria a ser comandada pelo carnavalesco Renato Lage que ajudou a escola a conquistar títulos do Concurso de Carnaval em três anos: em 1990, contando sua própria história com o tema “Vira Virou, a Mocidade Chegou”; em 1991 falando sobre água no tema “Chuê, Chuá… As Águas Vão Rolar”; e em 1996 com o desfile tema “Criador e Criatura”, sobre a criação da humanidade.
Fim dos anos noventa:
Em 1997, a Mocidade perdeu seu maior patrono, Castor de Andrade. Dois anos depois, a escola fez um desfile primoroso, com uma merecida homenagem a Villa-Lobos, com o tema “Villa-Lobos e a Apoteose Brasileira”. O público vibrou com o desfile. Porém, neste ano houve uma decepção: a Mocidade que sempre se concentrou ao lado dos correios teve que se concentrar em frente a um prédio chamado “Balança mas Não Cai”, perto do qual há um viaduto que muitas vezes obstrui os carros alegóricos das escolas de samba. Neste caso, não foi diferente e a escola demorou a colocar as pessoas em cima das boias, o que abriu um enorme buraco entre os setores 1 e 3 logo no início do Sambódromo.
No ano 2000, a Mocidade veio literalmente vestida com as cores do Brasil, apresentando o tema “Verde, Amarelo, Azul-Anil Colorem o Brasil no Ano 2000”. O belo e imponente carro alegórico de asa aberta, uma nave gigante dos “índios do futuro”, mostrava o que a escola traria para o desfile. A escola desfilou bem, mas o samba não vibrou com a torcida como eles pensavam. A escola conquistou a 4ª colocação, podendo desfilar no desfile da campeã, no sábado seguinte. Depois de 2002, o carnavalesco Renato Lage deixou a escola. Depois da era Renato Lage Em 2003, o carnavalesco Chico Spinoza assumiu a vertente artística da escola, trazendo para a avenida temas de cunho social como doação de órgãos e educação. Em 2005, com a mudança na diretoria, a Mocidade contratou um carnavalesco com característica clássica: Paulo Menezes. Seu carnaval fazia lembrar as formas de Arlindo Rodrigues; porém a escola alcançou apenas o 9º lugar.
Para o desfile de 2009, a Mocidade trouxe o carnavalesco Cláudio Cebola, que antes fazia parte da comissão carnavalesca e foi promovido a carnavalesco oficial da escola. A princípio, o tema seria uma homenagem aos centenários da morte do escritor Machado de Assis, mas depois foi alterado com a inclusão do legendário escritor brasileiro Guimarães Rosa ao tema, acabando sendo um grande fiasco.
Sendo a última escola a escolher seu tema, a Mocidade enfrentou alguns percalços nesse processo: Escolheram um samba com características nada convencionais, não agradando a maioria da comunidade do samba. Com isso, seu diretor de carnaval, João Luiz Azevedo, deixou a escola em meio ao caos. Ao final, a escola conquistou mais uma vez a 11ª colocação, ficando próxima do rebaixamento para o Grupo de Acesso. Com seus altos e baixos, a escola de samba Mocidade Independente tem uma força impressionante dentro do carnaval brasileiro e está definitivamente entre as 5 escolas de samba mais importantes do país.